De Immanuel Kant:
Não posso eu, quando me encontro em apuro, fazer uma promessa com a intenção de a não cumprir?
Facilmente distingo aqui os dois sentidos que a questão pode ter: — se é prudente, ou se é conforme ao dever, fazer uma falsa promessa.
O primeiro caso pode sem dúvida apresentar-se muitas vezes. E verdade que vejo bem que não basta furtar-me ao embaraço presente por meio desta escapatória, mas que tenho de ponderar se desta mentira me não poderão advir posteriormente incómodos maiores do que aqueles de que agora me liberto; e como as consequências, a despeito da minha pretensa esperteza, não são assim tão fáceis de prever, devo pensar que a confiança uma vez perdida me pode vir a ser mais prejudicial do que todo o mal que agora quero evitar; posso enfim perguntar se não seria mais prudente agir aqui em conformidade com uma máxima universal e adquirir o costume de não prometer nada senão com a intenção de cumprir a promessa.
Mas breve se me torna claro que uma tal máxima tem sempre na base o receio das consequências.
…
Não preciso pois de perspicácia de muito largo alcance para saber o que hei-de fazer para que o meu querer // seja moralmente bom. Inexperiente a respeito do curso das coisas do mundo, incapaz de prevenção em face dos acontecimentos que nele se venham a dar, basta que eu pergunte a mim mesmo: — Podes tu querer também que a tua máxima se converta em lei universal?
Medo. Medo das consequências nos movem mais do que podemos entender.
Enquanto não estamos atentos ao que nos ocorre ao redor, pensamos que as leis que regem o Universo podem ser flexibilizadas e, até mesmo de forma temporária, contrapostas em favor de nossas vontades e desejos.
A dúvida que vale, pelo menos a mim é: “Como cuidas de ti perante os teus desejos e vontades que vão contra o senso de não cumprir o que a ti mesmo prometes?”
- Vícios
- Desejos
- Falta de comprometimento consigo e com os outros
- Raiva
- Cólera
- Dor
- Melancolia
- Ódio
- Traição
- Mágoa
Reflexos da nossa inabilidade de tratarmos a nossa maior dádiva como deveríamos – Nesse caso a nossa vida.
Donde escrevo vejo uma academia – Daquelas mega fantásticas com uma dezena de pessoas se exercitando as 6 horas da matina (hora em que normalmente já estou de pé) até as 20 horas (hora em que normalmente aprecio meu vinho e escrevo). Me pergunto:
Quantas promessas já me fiz que deveria ali estar para cuidar de meu templo?
Me respondo:
Tantas quantas as gotas do oceano.
Não me martirizo. Mas me ponho a pensar a respeito de nossa incapacidade de sermos fiéis aos nossos próprios preceitos e promessas.
Posso conviver com a incapacidade de não cumprir com o que me prometo?
Posso. Mas não devo. Muitas vezes apenas quero.
Como você faz para manter sua própria honra frente a isso?
Deixas a inocência te guiar?
Por fim:
Quando irás cuidar de ti mesmo da forma como sabes que deverias?
Tudo o que eu precisava ler nesta manhã de sexta feira. Obrigada.