Publicado em 1 comentário

Sobre os limites

Das dores físicas

Eu (Marco) não sei como é estar com câncer.

Sei apenas como é acompanhar alguém, muito próximo, enfrentar esse desafio. Aliás bem de perto.

Mas isso não me impede de perceber que as dores são enormes.

Desde o sentimento de ver seu corpo revirado em busca de diagnósticos até em busca de procedimentos de cura.

Muito é furado, cortado, dilacerado. MUITO mesmo.

E, embora haja um propósito claro em cada procedimento, saber disso, não alivia a dor. Lamento, mas é assim que vejo.

As limitações advindas do cansaço também são marcantes: beiram a dor em muitos momentos.

Como tolerar esses nossos limites sem buscar a paz na alma?

Das dores emocionais

Tudo muda. As rotinas, os anseios e desejos, os propósitos para a experiência terrena também passam a ser outros. Especialmente aqueles nos quais o reflexo imediato são emocionais.

Tiram-te tudo: as energias, as perspectivas, as intenções e muitas vezes mesmo o desejo mais intenso que temos de preservar – O da vida.

(RE)conhecer nossa limitação de tempo nesse plano nos permite entender que muitos dos anseios precisam ser endereçados de forma firme e profundamente conectada com nosso ser. E nem sempre essa tarefa é simplória.

Sentir a limitação do tempo carrega em si uma dor que apenas mais fortes sabem superar com maestria.

Agressividade, Angústia, Apatia, Confusão, Decepção, Hostilidade, Ira, Isolamento, Medo, Ódio, Pânico, Raiva, Remorso, Vergonha e o que mais puderes entender como “dor” são possíveis neste contexto.

Como não aprender com isso tudo?

Do tempo

O tempo é relativo, uma ilusão, eu sei.

Mas o conceito dele muda repentinamente quando se passa por esse contexto.

Quando menos espera ele (tempo) é elástico. Noutros encarna uma limitação absurda. Volátil (como a relatividade pede) mas infinito na medida que não apenas aqui seremos juntos.

Como tolerar tamanha desfaçatez?

Do aprendizado e conexões

Deves aprender com tudo e com todos, parece uma máxima aceitável e belíssima a ser incorporada nessa existência mas também ela tem limites. Uma hora a gente cansa. Parece grave mas não é assim o fim.

Conectar-se com pessoas parece ter uma profundidade que segue em direção ao infinito, mas, ainda mais profundo é conectar-se consigo mesmo e CRIAR o sentimento de propósito ao que acontece em nosso redor.

Nos últimos meses conheci pessoas que me deram lições em atitudes e palavras, e a todas sou grato, mas se eu nāo estiver aberto a este aprendizado de nada teria valido este toque.

O limite está contigo?

Da gratidão

Esse parece nāo ter fim. Pelo menos a mim.

Ainda que os dias pareçam nublados muitas vezes nāo tenho condições de acordar e nāo agradecer pela luz que insiste em atravessar as nuvens e nos dar o ar da graça para que façamos tudo aquilo que precisamos fazer.

Agradecer todos os dias, sem exceção, é a maior dádiva que posso compartilhar nesses dias.

Nublados ou nāo, os dias nascem para que possamos vive-los.

Quem sou eu para nāo aceitá-los de coração aberto e grato?

 

 

 

Um comentário sobre “Sobre os limites

  1. […] Já comentei aqui sobre as dores que vi a Andi passar, mas nessa etapa do tratamento, Radioterapia, não sinto as dores que ela sente, mas, sinto as minhas como reflexo das dela. […]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *