Sobre o saber e a ignorância
Sempre tive comigo que estudar era uma das minhas obrigações. Desde minha adolescência comecei a ler tudo: de bulas de shampoo à poemas variados – praticamente tudo me atraía. E não parei mais desde então. Leio sobre temas que as vezes eu mesmo não entendo porque – Coisas do tipo literatura indiana aos meus preferidos Biografias (se ainda não leu sobre o Lincoln, por favor, faça – Vale o mesmo sobre Jorge Paulo Lemann).
Quando recebemos o diagnóstico da Andi, além da pancada prevista, foquei minha atenção a estudar tudo o que precisava e poderia a respeito do câncer, especialmente o que ela tinha. Fugi dos blogs que relatavam a experiência e foquei nos artigos científicos, acho que aí foi onde comecei a entender a importância da ignorância e a ciência.
A larga maioria dos artigos científicos nacionais iniciam relatando:
O câncer de mama continua sendo uma das principais causas de morte de mulheres no mundo…
Ou:
O diagnóstico de câncer de mama é vivenciado como um momento de imensa angústia, sofrimento e ansiedade. Durante o tratamento, a paciente vivencia perdas, por exemplo, físicas e financeiras, e sintomas adversos, tais como: depressão e diminuição da autoestima, sendo necessárias constantes adaptações às mudanças físicas, psicológicas, sociais, familiares e emocionais ocorridas.
Ou ainda:
O câncer de mama está entre as neoplasias com maior ocorrência no mundo e mesmo com todo avanço em relação ao diagnóstico e tratamento, é visto por muitas pessoas como uma sentença de morte.
De sorte que a partir daquele momento comecei a me irritar com o conhecimento que adquiria – Veja não estava irritado pela possibilidade mas sim pelas criações de futuro que eu tinha em minha mente após ler o que li.
Assim comecei a me indagar sobre o quanto deveria estudar: mais? Negar? Deixar pra lá?
Não tenho respostas pra isso ainda mas não parei. As vezes dói. Mas na maior parte do tempo me sinto completo ao poder ajudar a criar uma visão de apoio à Andi – E isso depende de eu estudar tudo o que puder. Mas ainda assim dói.
Aprenda tudo. Guarde o que lhe pertence.
Com essa perspectiva comecei a organizar minha mente para reter apenas o que fazia sentido para o contexto que eu vivia no momento – Me questionava ao ler:
Isso me ajudará a interpretar melhor a minha perspectiva de vida?
Se sim, então eu guardava com atenção aquele conhecimento.
Se não, eu descartava sem nenhum remorso.
O vazio lhe incomoda?
Ainda que conhecimento e ignorância sejam pólos de um mesmo espaço você pode se sentir incomodado com algo que nem a ciência, sabedoria, religiosidade ou espiritualidade lhe deixam saber com precisão o que é. E é assim que muitas vezes me sinto. Sozinho dentro de uma multidão. Multidão de pessoas, pensamentos e sentimentos.
Isso não me impede ir adiante, porque lá no fundo sei que o propósito é maior que minha ignorância. E maior que meu conhecimento.
Não deixe o vazio perpetuar-se na tua existência. Experimente. Sinta. Viva. Seja.
Quando algo sai da tua visão não significa que não possas ver
Enquanto escrevia este texto o Dmitri andava de bicicleta na rua do meu condomínio: era interessante poder vê-lo enquanto ele fazia o que gostava mas também percebia que ao mesmo tempo que o meu medo o podava (eu havia ditado os limites de onde ele poderia ir) a visão de mundo dele também se limitava. Dado o meu medo o mundo dele se limitava.
Ver e não enxergar não significa ausência.
Enxergar com o coração e sentir pode ser mais eficaz do que ver com os olhos.
Assim enxergo a vida, e, principalmente, nossos passos adiante.
Simplesmente puro, emocionante e leve! Lindo o amor de vocês e da sua família, muito mais que isso, inspirador para as dores e frustrações que todo casal passa. Conheço a Andi a alguns anos, sempre linda, amável e única . Torço por vocês e a coloco sempre em minhas orações. Grande Abraço . Lu
Marco… me repito nos comentários.. a lição de vida de vcs nessa fase é enorme!!! Amo vcs!!!
Essas leituras sempre inspiradoras e de uma qualidade inexplicável !parabéns
Muita luz no caminho de vocês 🙏